Levantamento de área pode estabelecer a paz entre índios e produtores
Lideranças Tupinambá, representantes de pequenos produtores e do governo vão iniciar no segundo semestre deste ano um levantamento em toda a área de conflito de terras no sul da Bahia com o objetivo de se chegar a um acordo amigável e acabar com uma disputa que já dura 15 anos. A proposta já acordada entre as partes, vai servir para avaliar as propriedades inseridas no contexto do conflito, levando em consideração desde a produção agrícola ao número de famílias detentoras da posse do terreno.
A informação é do juíz federal Lincon Pinheiro Costa, de Ilhéus, que esta semana concedeu uma entrevista à Rádio CBN Salvador e revelou a medida. A partir do levantamento, com a presença de todas as partes envolvidas no conflito, o governo federal vai fazer uma proposta de negociação da área, dando fim à guerra que se estabeleceu nos últimos anos na região agrícola do sul da Bahia.
"Qualquer decisão judicial não vai agradar nem um lado nem o outro", disse o juíz durante a entrevista à Coluna Força do Direito, da CBN Salvador. "A solução para a crise não pode agradar apenas um dos lados", completou. Conciliação é a palavra de ordem, segundo o magistrado que chegou à região em fevereiro do ano passado e encontrou uma situação que ele definiu como "dramática e sem diálogo".
O juíz explica que este acordo é resultado do Forum Permanente de Diálogo, criado pela justiça e integrado pelos representantes em conflito.
O número não é oficial. Mas cálculos feitos pelo doutor Lincon Costa dão conta de que, apenas no período de seis meses em que o Exército permaneceu na área em conflito, a ação custou ao País cerca de 100 mil reais por dia. 600 efetivos de soldados a coronel, além da estrutura de viaturas, helicópteros, dentre outros, custaram ao governo 18 milhões de reais, aproximadamente.
Com a abertura do diálogo, as tropas foram embora há 11 meses. Pelos cálculos do juíz, já fotram economizados 33 milhões de reais e nunca esteve tão perto uma solução pacífica entre índios e produtores. No momento, a Justiça Federal em Ilhéus conta com 200 ações de reintegração de posse solicitadas pelos pequenos produtores sulbaianos.